Raça Brava de Lide – Do Ancestral à Atualidade, num artigo da autoria de Luís Lourenço.
Portugal possui doze raças autóctones de bovinos com características morfológicas e genéticas diferentes distribuídas regionalmente desde o Minho até ao Algarve.
De entre essas dozes raças podemos salientar a Brava de Lide cujo processo de seleção tem sido aprimorado para manter e aperfeiçoar características, sobretudo comportamentais, como bravura e nobreza fazendo desta uma raça especial e com características totalmente diferentes das restantes.
Não será objetivo deste texto uma descrição filogenética exaustiva sobre a evolução da raça, cumprindo apenas a finalidade de breve relato desde as origens até à atualidade.
Segundo os especialistas o primeiro bovídeo surgiu na era Miocénia, há cerca de 20 milhões de anos cuja expansão foi rápida dando origem a diferentes linhas de bovídeos, alguns deles atualmente extintos.
Dentro destas linhas o Auroque, Bos primigenius, com origem na Ásia é considerado o ancestral selvagem primitivo do bovino doméstico, que rapidamente se espalhou pela Europa e Norte do continente Africano, tendo sido domesticado há cerca de 10 milhões de anos no Crescente Fértil, aquando da sedentarização do homem.
É de ressalvar a importância deste animal nas populações domesticadoras pré-históricas, uma vez que aparece retratado em diversos locais de interesse histórico, como as grutas de Foz Côa (Portugal), Altamira (Espanha) e Lascoux (França).
Este ancestral viveu até meados do século XV, onde segundo os registos, o último exemplar foi sacrificado na Polónia em 1690.
Este ancestral foi sofrendo uma serie de modificações de cruzamentos que culminam no Bos taurus ibéricus, onde estão inseridas todas as raças bovinas Portuguesas, e consequentemente a Raça Brava de Lide.
Atualmente, a seleção destes exemplares assenta em algumas castas designadas como Castas Fundamentais do Touro de Lide – Navarra, Castelhana, Francesa, Andaluza e Portuguesa, – as quais será dedicado um futuro texto com as principais caraterísticas de cada casta.
Como apontamento final, muito importante salientar neste processo de manutenção e evolução da Raça Brava de Lide o papel dos ganadeiros e de todos quantos estão ligados ao mundo do touro bravo (toureiros, maiorais, empresários tauromáquicos e aficionados) que são fascinados pela imponência destes magníficos animais.
Fotografia: Rute Nunes e Carlos Pedroso
Texto: Luís Lourenço