Santarém: Lotação esgotada para ver Roca Rey, na corrida de touros realizada no Dia de Portugal, 10 de Junho, feriado nacional.
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Nuno Almeida
A Praça de Touros Celestino Graça, em Santarém, acolheu a tradicional corrida de touros do 10 de Junho, Dia de Portugal.
Uma corrida cuja lotação esgotou 48 horas da sua ocorrência, que teve em cartel os cavaleiros João Moura Jr. e João Ribeiro Telles e o matador de touros, Andrés Roca Rey.
Lidaram-se touros de Murteira Grave e Álvaro Núñez e as pegas ficaram a cargo dos forcados de Santarém e Montemor.
Roca Rey, o toureiro que mais bilhetes vende em Espanha, esgotou Santarém. Não há outra possível justificação para a lotação esgotada. Roca Rey, o responsável. Foi por ele que o povo ali foi. Foi a ele que aclamou nas cortesias.
À parte disso, mérito da Associação Sector 9. Um grande cartel, rematado, bem conseguido e uma lotação de acordo com o empenho aqui colocado.
Santarém: Murteira Grave sim, Álvaro Núñez não
Os touros de Murteira Grave cumpriram em apresentação (neste campo foi pior o 2º), já quanto ao comportamento destaque para o lidado em 4º, embora a chamada do ganadeiro à arena seja discutível. O touro era bom? Sim. Suficiente bom para chamada do ganadeiro à área? Não.
Já quanto aos touros de Álvaro Núñez, safou-se o primeiro em termos de apresentação, com comportamento adocicado, enquanto o segundo teve apresentação muito aquém de uma praça como Santarém e sem ponta de qualidade no comportamento.
Santarém: ‘El rum rum de Roca Rey, Mourinas do Jr e Ilusionista de Telles
Andrés Roca Rey exibiu-se a bom nível no primeiro touro do seu lote, começando por verónicas no capote, para seguidamente exibir classe, poder e segurança colocando o público no bolso. No tércio de bandarilhas, destaque para a alternativa de Duarte Silva que cravou um belíssimo par, sendo aplaudido por todo o público de forma justa. Com a muleta, Roca Rey foi todo ele suavidade, destacando-se a série ao natural.
Porém, no segundo touro a história foi diferente e quase nada há para contar. Roca Rey esteve banalíssimo, perante um touro sem ponta de classe, de apresentação e de comportamento.
Quanto à vertente equestre, ambos os cavaleiros com uma boca actuação cada, nos segundos touros dos seus lotes.
Na primeira actuação de Moura Jr. apenas se destaca o terceiro ferro curto, bastante cingido na reunião, após preparação de muito mérito e um outro ferro a sesgo.
João Ribeiro Telles destacou-se no primeiro ferro curto, ao primeiro touro do seu lote, e pouco mais se viu.
Ao 4º touro da corrida, João Moura Jr. voltou a exibir as qualidades que fazem dele um dos mais importantes cavaleiros da actualidade. Bem a escolher os terrenos, melhor ainda na brega e a culminar com uma série de bandarilhas de excelente nota, encerrando a função com uma Mourina de elevada categoria.
Nesse sentido, respondeu bem João Ribeiro Telles, com uma actuação em crescendo, de menos a mais, que teve o seu epílogo em duas bandarilhas, montando o cavalo Ilusionista. Uma actuação bem conseguida, de mérito e raça toureira.
Santarém e Montemor honraram e glorificaram o ‘ser forcado’
A tarde teve também belíssima competição entre os dois grupos de forcados: Santarém e Montemor.
Assim, pelo grupo escalabitano foram à cara Salvador Ribeiro de Almeida e Francisco Cabaço, com duas excelentes execuções ao primeiro intento. Por Montemor, Francisco Borges concretizou ao segundo intento (após um brinde emotivo) e José Maria Cortes Pena Monteiro pegou à primeira tentativa, bem conseguida.
A corrida foi dirigida por Marco Cardoso, assessorado por José Luís Cruz, com José Henriques no cornetim.
Uma tarde que se resume com uma corrida de touros de razoável qualidade, porém que à escala nacional se pode considerar de muito boa. Infelizmente, o nível tauromáquico em Portugal continua a ser balizado por baixo…
Resta “contra os canhões, marchar, marchar…”
Nota: Foi respeitado um minuto de silêncio, em memória de Alfredo Vicente, pai do cavaleiro Luís Rouxinol, recentemente falecido.