Montijo: Um enorme Gilberto Filipe, um gigante José Pedro Suissas, além de um “emocional” Rouxinol Jr. e um ‘Sinfónico’ António Ribeiro Telles [filho].
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Arsénio Franco
Este domingo, a Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos, no Montijo, acolheu uma corrida de touros, integrada nas Festas em honra de São Pedro.
Nela, celebrou-se os 20 anos de alternativa do cavaleiro Gilberto Filipe que foi agraciado antes da corrida. Durante as cortesias foi respeitado um minuto de silêncio, me memória de Alfredo Vicente e Manuel Fernandes.
Pela positiva comece por destacar-se o encurtamento das cortesias, por parte dos cavaleiros.
Gilberto Filipe triunfou forte no Montijo
Perante aproximadamente três quartos da lotação do tauródromo preenchidos, abriu praça, frente a um touro de Cunhal Patrício, nº8 e com 500Kg,o cavaleiro João Moura.
Um touro que primeiramente saiu solto, distraído e a ignorar cavalo e cavaleiro. Após a cravagem do primeiro ferro comprido, o touro veio a mais, melhorando o seu comportamento.
João Moura desenhou uma actuação sem grandes pontos de interesse. O seu conhecimento foi notado, a perda de agilidade física também, destacando-se o primeiro ferro curto, aguentando a investida do touro, em terrenos de dentro. A restante lide foi sem alardes.
Jorge Malagão, dos amadores da Tertúlia tauromáquica do Montijo, concretizou a pega ao segundo intento.
António Ribeiro Telles enfrentou um touro da ganadaria Canas Vigouroux, nº136 e 545 Kg.
O ginete da Torrinha enfrentou um oponente complicado, pouco claro na investida, a faltar ao momento da reunião e isso dificultou o labor de Telles. Ainda assim, bons modos em praça, postura toureira e o conhecimento com que foi mexendo o touro para os terrenos mais convenientes, merecem destaque. Em termos de cravagem, nem sempre as reuniões foram as melhores, pese o esforço.
Hélio Lopes, pelos amadores do Montijo, concretizou a pega ao segundo intento.
Da ganadaria Antonio Silva, com nº16 e 530 Kg, foi o touro lidado por Luís Rouxinol.
O cavaleiro de Pegões jogou em casa e maior motivação que essa não existe. Trajando de casaca azul e prata, enfrentou um hastado muito complicado e que nada lhe facilitou.
A Rouxinol restou porfiar e resistir, tentando levar a água ao seu moinho. E fê-lo com garbo! Destaque para o segundo ferro comprido e o segundo ferro curto, ambos de boa nota. Algumas passagens em falso e reuniões aquém, retiraram brilho, embora por culpa maioritariamente do oponente.
Armando Costa, pela Tertúlia Tauromáquica do Montijo, concretizou a pega ao primeiro intento.
Gilberto Filipe fez, indiscutivelmente, a melhor actuação da tarde, perante um voluntarioso touro de Murteira Grave, nº67 e 500 Kg.
O cavaleiro brindou a lide aos dois grupos de forcados da terra e ainda a Luís Rouxinol e Luís Rouxinol Jr. Desenhou uma actuação de muito boa qualidade, aproveitando as faculdades do touro, imprimindo ritmo, espevitou o público e teve 3 cravagens de assinalável valor, além de um ferro em sorte de violino que agradou muito ao conclave.
Além de exímio equitador, já com vários prémios conquistados em equitação do trabalho, Gilberto Filipe tem de ter mais corridas. Valor não falta. Tarde memorável para a sua história!
José Pedro Suissas, pelos amadores do Montijo, concretizou a pega ao primeiro intento. Um pegão, com o touro a romper o grupo, a bater em tábuas, a fugir do grupo de novo e o forcado da cara a conseguir aguentar-se estoicamente. Soberbo.
A emoção de Rouxinol Jr. e a ‘Sinfonia’ de António Telles [filho]
Duas voltas à arena para cavaleiro e forcados. Justíssimas, no devido enquadramento desta corridas e respectivos desempenhos.
Com o nº20 e 565 Kg, o mais pesado da corrida, pertencente a Sommer D ‘Andadrade, o quinto touro foi lidado por Miguel Moura.
Recebeu o touro com uma sorte gaiola e daí partiu para uma actuação com excesso de velocidade. Perante um touro com dificuldade no comportamento, Moura esteve entre o bem e o menos bem, destacando-se duas ferragens pela positiva.
Paulo Carvalheira dobrou João Paulo, pelos amadores da T.T. Montijo, concretizou a pega ao segundo intento, após o seu colega sair lesionado.
Luís Rouxinol Jr. enfrentou um touro da ganadaria de Manuel Veiga, com 465 Kg e o nº 125. Brindou a lide a Gilberto Filipe e, posteriormente, ao seu avô recentemente falecido.
Uma actuação que lhe saiu da alma, do seu mais profundo intimo. Entregou-se a esta lide com todo o coração. Com base na raça, no orgulho e no risco, levou a água ao seu moinho, aqui e ali não tão ortodoxo e com um erro ou outro. Porém, reforço, foi uma actuação emocional e deverá ser avaliada por esse prisma. Tarde bonita de Rouxinol Jr na sua praça. A primeira vez que aqui actua, após o falecimento do seu avô.
Filipe Santiago concretizou a pega ao terceiro intento, com a jaqueta dos amadores do Montijo.
António Ribeiro Telles (filho) enfrentou o touro da ganadaria São Martinho, com o número 40 e 470 Kg.
O ginete fechou a corrida com uma sinfonia, fazendo tudo de forma suave, templada, paciente e sem números de aplausos fácil. Que bem esteve António na brega, na forma como levou o touro para os terrenos mais convenientes e como desenhou as sortes. Tudo de forma graciosa e prolongada.
A pega que teve o forcado da cara em Pedro Tavares, pelos amadores da T.T. Montijo, foi concretizada ao primeiro intento. Nesta pega, estiveram elementos dos dois grupos de forcados actuantes, 4 de cada.
4 Prémios Atribuídos
Havia vários prémios em disputa nesta corrida.
Assim, a melhor lide foi ganha por Gilberto Filipe, a melhor pega por José Pedro Suiças e quanto às ganadarias, Canas Vigouroux venceu o Prémio Apresentação, enquanto Murteira Grave venceu o prémio Bravura.
Corrida dirigida por Tiago Tavares, assessorado por Jorge Moreira da Silva.
Foi uma tarde longa no Montijo: Valeu um enorme Gilberto Filipe e um gigante José Pedro Suissas.