Luís Santos aborda o não reconhecimento do campino como profissão, em termos legais, no quadro laboral.
No passado dia 3 de Julho, a Tertúlia A Ramboia, em Vila Franca de Xira, acolheu um colóquio dedicado ao Campino, integrado na programação ‘A caminho do Colete’, de antevisão ao Colete Encarnado.
Texto e Entrevista: Rui Lavrador
Fotografias: Rute Nunes e Carlos Pedroso
O colóquio foi moderado por Maurício do Vale, tendo as presenças dos campinos Luís Santos, Paulo Correia e Ricardo Côdeas, além do presidente da associação das tertúlias tauromáquicas de Vila Franca de Xira, Guilherme Nunes.
Nesse sentido, entrevistámos o campino Luís Santos.
Sobre a importância destes colóquios referiu que “é importante para adquirir conhecimentos e também para abordarmos a nossa experiência, também para as pessoas saberem um bocadinho o que é o campo e a vida do campino, além da festa brava”.
Um dos temas abordados foi o não reconhecimento, em termos legais, da profissão de campino.
“Sobre a categoria de Campino não ser reconhecida, como profissão, não sei explicar porquê, somos conhecidos como guardadores de gado ou ajudantes de algo, não percebo bem porquê“, assinalou Luís Santos.
“Ficamos um bocado tristes com essa situação. Porque aquilo que hoje é conhecido como campino, antigamente era reconhecido como maioral. Se calhar também vem daí o não reconhecimento da profissão denominada como campino. Porque antigamente existiam os maiorais e mais tarde vem o Campino derivado ao campo“, explicou.
“Porque antigamente, as pessoas que trabalhavam no campo eram reconhecidos como campinos. Hoje em dia como os únicos que trabalham no campo somos nós, que éramos os maiorais, ficou-se com a questão do campino, porque vem da campina, do campo”, referiu.
Questionado se sempre quis ser campino, Luís explicou que “eu nasci no campo, obviamente que a minha ideia não era essa. Eu gostava mais de desporto, mas nunca me deixaram ir, tive de me agarrar ao campo. O meu gosto era outro, o meu avô agarrou-me ao campo e fui ficando. Hoje em dia também já tenho um filho que é [campino], mas esse gosta mesmo do que faz“.
Por fim, foi também abordada, no colóquio, a perda da bravura no touro de lide, que tem vindo a ser substituída pela nobreza.
Sobre se ainda vamos a tempo de mudar isso, Luís acredita que sim.
“Eu penso que sim, mas a vontade tem de ser de todos, não pode ser só de um ganadeiro ou só de um campino. Tem de ser de todos, principalmente começando nos toureiros. São eles que estão a escolher o touro, a casta e então está a perder-se a verdade do toureio. Se mudarmos essa mentalidade, penso que ainda vamos a tempo de salvar a tauromaquia“.