8 de Agosto de Campo Pequeno: Uma noite para emigrante ver. Crónica de Francisco Potier Dias e galeria fotográfica de Arsénio Franco.
Ainda com agosto acabado de chegar, é momento para a 2.ª corrida da temporada do campo pequeno, a habitual corrida de Homenagem à Família Bohórquez, mas, em especial, ao Emigrante e ainda característica tão comum no povo português, quase tanto como o gosto pelo toiro bravo, o vinho e o fado!
Sob o mote acima referido, abre portas bonita monumental do campo pequeno, com um cartel que procurou oferecer uma variedade toureio, “para emigrante ver”, com os cavaleiros Ana Batista, João Moura Caetano, Manuel Telles Bastos, Duarte Pinto, Andrés Romero e Luís Rouxinol Júnior, acompanhados das respetivas quadrilhas e também dos moços de forcados dos Amadores de Coimbra, Amadores de Monsaraz e Académicos de Coimbra, perante um bonito curro da ganadaria Vinhas.
O espetáculo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Manuel Gama, coadjuvado pelo Médico Veterinário Jorge Moreira da Cruz.
Foi cumprido um minuto de silêncio em memória de Manuel Rosa ‘Tatá’.
O público correspondeu e deu 2/3 de casa forte e bem composta por Afición nacional e internacional, ontem com especial difusão devido à transmissão televisiva através da plataforma ONETORO.
Quanto aos dotes artísticos desenhados no redondel do campo pequeno, abre praça a cavaleira Ana Batista, natural de Salvaterra de Magos e o nome grande da Tauromaquia em feminino em Portugal. Dentro de praça desenhou uma lide bonita, destaque para os dois curtos de muito boa nota, com imensa transmissão com o público e sem mácula, quem dá o que tem a mais não é obrigado… a classe e o sorriso da cavaleira é meio triunfo, inexplicável a ausência desta cavaleira das grandes feiras, tendo por especial conta o momento em que atravessa e o que representa.
Pela frente teve um cooperante toiro vinhas de 550 kg, ainda que a adiantar-se e encurtando caminhos à cavaleira deixou-se lidar e a empregar emoção nas reuniões.
Seguiu-se o cavaleiro João Moura Caetano, que atravessa uma das fases de maior popularidade e estabilidade da sua carreira, teve uma passagem de altíssima nota pelo campo pequeno. Começou brindando a sua lide ao homenageado da noite e encaminhando-se de imediato para a “porta dos sustos” recebendo de porta gaiola. Durante a sua lide, puxou dos galões e com o Campo Pequeno, criou alvoroço no Campo Pequeno, bordou o toureio e do caro, com emoção nas reuniões e transmissão, com bregas a duas pistas, sentido toureiro, a não necessitar praticamente de auxílio dos bandarilheiros na colocação do toiro… em suma uma lide limpa e de bom toureio.
Mediu forças com um toiro de 560 kg, que apesar de vir de menos a mais, pela parca força, empregou-se com bravura, nobreza e transmissão, abrilhantando a lide do cavaleiro e a pega.
Prossegue a ordem de lide com Manuel Telles Bastos, o dito “‘mais David da torrinha” brindou o público presente com lide redonda, toureando com classe e tradicionalismo, cravando maioritariamente à tira, não chegando tanto ao público como os anteriores companheiros, acabando por vir de mais a menos, deixando, no entanto, bons apontamentos com a regularidade do costume.
Confrontou-se com um Vinhas de 615kg, que se deixou tourear, ainda que sem grande sumo.
Segue-se Duarte Pinto que, durante a sua lide, andou correto, a desenhar bem as sortes com tranquilidade, coerência, reunindo e rematando as sortes “como mandam os livros”, procurando ainda animar o publico e demonstrar o seu toureio.
O quarto da ordem um Vinhas de 680kg, deixou-se tourear e permitiu ao cavaleiro impor o seu toureio sem dificuldade de maior.
Prosseguindo a ordem, entrou em praça o rojoneador Andres Romero
Uma lide de mais a menos, recebeu o seu oponente de jaqueta na mão e bordando o alarde de rojoneio, seguindo depois para cumpridos e curtos com regularidade e retidão.
No entanto, procurou sempre tourear mais o publico nas bancadas que o seu oponente no redondel, tendo terminando sob coro de assobios e com uma nota de tremendo desrespeito pelo diretor de corrida, encenando o final da lide e retornando para quase mais 5m de lide totalmente inerte e desnecessária.
Tempo houve para mais uma peripécia, julgando o rojoneador estar numa qualquer praça e tinha intenção de trazer consigo na volta os cavalos com que lidou, intenção negada e bem, pelo diretor de corrida e acerrimamente defendida pelo público.
Pela frente tinha um vinhas de 550kg, que deixava fazer tudo, nobre, cooperante, pena o rojoneador não ter tido vontade de o tourear.
Por fim, Luís rouxinol Jr., que se apresentou para fechar a noite já longa, em dia de Aniversário de seu pai.
E bem…como se diz na gíria, por vezes os últimos são os primeiros e sem sombra de dúvida, assim foi, o ginete de pegões desenhou a lide da noite. Abre praça de porta gaiola, ligando ao toiro e parando-o nos médios e daí em diante “armou o taco” e apresentou toureio poderoso, ponderado, a transmitir ao público, tudo no seu sítio e com o espetáculo que a praça pedia.
Teve como oponente um Vinhas de 600 Kg, de boa apresentação e de notável comportamento, sem grandes dúvidas o melhor dos 6 se lidaram.
Nas ramagens pegaram pelos amadores de Coimbra os forcados Pedro Casalta, com uma pega dura e emocionante e André Macedo, à primeira e segunda tentativa, respetivamente.
Pelos amadores de Monsaraz, vencedores do troféu de melhor pega, André Mendes e João ramalho ambos à primeira tentativa, em pegas corretas e com galhardia.
Pelos Académicos de a Coimbra, pegaram os forcados, Francisco Gonçalves e João Tavares , à 3.ª e 1ª tentativas, respetivamente.
Uma noite quente, que deixa na retina o a lide em curtos de João Moura Caetano com o Campo Pequeno, a lide de toureio caro de Luís Rouxinol e o Sorriso, a regularidade e os dois curtos de belíssima nota da cavaleira Ana Batista.
