Campo Pequeno: Viva o GFA de Lisboa e Obrigado a Pablo Hermoso de Mendoza, que ontem foram os destaques maiores.
Pablo Hermoso de Mendoza actuou pela última vez em Portugal, esta sexta-feira, na 4ª e última corrida de touros da temporada tauromáquica do Campo Pequeno, em Lisboa.
Perante lotação esgotada (anunciada com 5 dias de antecedência – mérito das empresas Ovação e Palmas e Toiros com Arte), a noite foi de festa, homenagens e tudo em ambiente alegre e de mínima exigência.
Campo Pequeno: A noite grande do GFA Lisboa
De uma noite toda ela baseada na alegria, na gratidão e no politicamente correcto, o maior destaque foi o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, que celebrou o 80º aniversário e viu ser homenageado José Luís Gomes, o segundo cabo da história do grupo – que sucedeu ao cabo fundador, Nuno Salvação Barreto.
Uma noite marcada por uma grande actuação do grupo, com 5 pegas concretizadas ao primeiro intento (Por Nuno Fitas, Tiago Silva, Miguel Santos, João Varanda e Duarte Mira – ao primeiro intento – e Pedro Maria Gomes, ao segundo intento).
Questiona-se como um grupo histórico como o de Lisboa, tem tão poucas corridas actualmente?
Nesse sentido, algo vai mal no reino do empresariado nacional.
Ou seja, merece muito mais corridas e, acima de tudo, mais respeito pela sua história e pela qualidade dos forcados que integram o grupo.
Portanto, o primeiro grande triunfador da noite foi o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa.
Seguidamente, destaca-se a homenagem feita a José Luís Gomes, quer por parte das empresas, quer por parte da autarquia lisboeta, além do CDS-PP – através do seu vice-presidente e actual membro do governo, Telmo Correia, além de outras personalidades como Elísio Summavielle ou João Soares.
Por fim, o outro homenageado foi Pablo Hermoso de Mendoza que actuou pela última vez em Portugal. Nesse sentido, foi assinalada a efeméride pelas empresas, pela APSL e por último foi sacado em ombros pela porta grande por vários cavaleiros portugueses. Foi tudo forçadíssimo, embora se entenda pela trajectória do toureiro em questão.
Telles a reinar, Rouxinol a responder (muito) bem
Quanto às lides equestres, houve uma lide bastante positiva por parte de cada um: António Ribeiro Telles, ao 4º touro da noite, Luís Rouxinol, ao 5º, e Pablo Hermoso de Mendoza, ao 6º.
Porém, destacar que a lide que mais próxima esteve de ser triunfal foi a de António Ribeiro Telles, ao 4º da noite, ao pisar terrenos de bastante compromisso, acrescendo-se ainda a elegância com que o mestre da Torrinha soube fazer tudo.
Antes, no touro que abriu praça, o mestre esteve em plano positivo, ainda que sem romper. Contudo, o cavaleiro continuar a transportar em si uma aura clássica e de estética toureira que deixa sempre no (bom) aficionado uma vontade de o voltar a ver.
Luís Rouxinol esteve em bom plano em Lisboa, com duas lides que tiveram tudo para ser triunfais, porém – por um motivo ou por outro – faltou ali um grãozinho para que tal acontecesse.
Na primeira, alguns toquezinhos (os inhos é mesmo porque foram subtis), retiram brilho a todo um labor de mérito, desse o momento em que foi buscar o touro à porta dos curros, até ao desenho da lide, às cravagens ajustadas e aos remates das sortes que apimentaram a sua actuação.
Seguidamente, no 5º touro da noite, a dose foi basicamente a mesma, porém a lide veio um pouco a menos, ainda assim foi das noites mais importantes da temporada do ginete de Pegões.
Campo Pequeno: Obrigado (ou Gracias) Pablo
Quanto ao rejoneador navarro, Pablo Hermoso de Mendoza, tudo o que fizesse esta noite seria aceite. E quando assim é – com base na gratidão pela sua trajectória – pouco resta a escrever. Em plano aceitável no primeiro touro, melhorou diante do segundo touro do seu lote, principalmente ao montar o Berlín, promovendo aí os melhores momentos da sua actuação, com Hermosinas, ladeios, desplantes e cortes toureiros e um ou outro ferro de apreciável nota.
Goste-se, ou não, do estilo, Pablo Hermoso de Mendonza tem a sua importância no toureio a cavalo e, acima disso, tem uma postura em praça e perante o público quase irrepreensível, o que se louva num artista que atingiu o gabarito com que ele termina(rá) a sua carreira.
Os touros da ganadaria Charrua saíram bastante pesados, acima dos 600 Kgs, cómodos na maioria do caso, ainda que no geral se possa elogiar a apresentação, trapio e comportamento.
A corrida foi bem dirigida por Ricardo Dias, assessorado por Jorge Moreira da Silva, com José Henriques no cornetim.
Uma noite de casa cheia, festa, homenagens, na qual se justifica a porta grande aos forcados amadores de Lisboa e, até, a Pablo Hermoso de Mendoza, como veio a ocorrer. Porém, de uma próxima vez, que se façam as coisas com pompa e circunstância para se que pareça mais poético e natural.
Assim, a tauromaquia regressa em 2025 ao Campo Pequeno, mas para já Viva o GFA de Lisboa e Obrigado a Pablo Hermoso de Mendoza
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Nuno Almeida