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Segunda-feira, Março 17, 2025
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Aficion entre gerações

Aficion entre gerações, um artigo da autoria de José Paulo Lima, Doutor em Produção animal, com fotografias de Paulo Gil.

O gosto pela tauromaquia é transversal à sociedade terceirense! Está impregnado na vivência das gentes, na forma como nos relacionamos uns com os outros no quotidiano. Há quem a viva nas praças e nos arraiais, guardando relíquias que não são mais do que autênticos resquícios da paixão que nos une.

João Manuel Noronha Silveira Bretão, falando das suas vivências aficionadas.

Desde fotografias a cartazes, passando por cabeças de toiros famosos embalsamados, tudo serve para fazer gala de uma paixão que está presente todos os dias. É o caso de João Manuel Noronha Silveira Bretão, o popular Professor João Bretão, que fez parte da vida de muitas gerações de estudantes terceirenses durante mais de três décadas, entre os quais me incluo, que mostra com orgulho o seu “mini-museu” com cartazes e fotografias de Corridas de Toiros e Touradas à corda passadas na Ilha Terceira. Aficionado à corrida integral e presença assídua nas praças de Espanha. O duelo entre o animal e o matador, e a forma como cria arte com a indomabilidade do toiro, criam uma dinâmica que para João Bretão é uma metáfora do que é a própria vida, num equilíbrio constante entre dificuldade e felicidade.

Aspeto geral do castiço sítio onde João Bretão juntou as suas memórias.

 O Professor vive uma paixão que o agarrou desde cedo, mostrando, em anexo à sua casa, espólio que retrata as vivências taurinas dos angrenses e da vida rural de outrora. Se o legado taurino foi reunido por ele enquanto forma de viver a sua aficion, os rurais e agrícolas proveem-lhe da tradição agrícola familiar do seu sogro, bens de importância que faz gosto em mostrar.

Tornou-se entusiasta pela festa de toiros quando, ainda estudante do Liceu, a meia tarde rumava à Praça Velha, onde à boleia com amigos, vivia as paixões da tourada “à corda” como ele próprio vinca. Depois mais tarde começa a frequentar praças da geografia espanhola: Sevilha, Saragoça, Granada, Salamanca são os primeiros palcos onde o toureio a pé se incrusta nas suas opções aficionadas, tendo em El Juli uma das grandes referências na Arte de Montes.

Indefetível do toureiro português, Manuel dos Santos, que comemora o centenário do seu nascimento em 2025, é pela antiga foto do toureiro da Golegã que nutre mais carinho. A rivalidade na arena entre Manuel dos Santos e Diamantino Vizeu, também figura da tertúlia de João Bretão, cativaram-no pelo que viveu na Praça de S. João vincando os seus gostos pessoais. A paixão pela Praça de S. João, justifica-a por ser o berço da sua intensa aficion.

 

Impressionante são os cartazes, que pela sua antiguidade e pela forma completa como se apresentam, revelam várias décadas de corridas na Praça de S. João e na Monumental “Ilha Terceira”, como que se tratasse dum passeio pelo tempo que não se restringe só aos festejos das Festas de S. João. No seu museu pontua a cabeça de um toiro, oferta da sua amiga Fátima Albino, isto apesar das suas preferências ganaderas serem outras, como com graça refere.

Nos seus 82 anos já vividos, afirma que as rotinas taurinas são muito diferentes dos seus tempos de juventude, pela evolução que teve o toureio e o toiro, e pela facilidade com que hoje se acede aos conteúdos taurinos, muito diferente do que era nos seus tempos de juventude com fervor tauromáquico. 

Presente na vida de muitos jovens, nos quais as gerações e gerações foram alvo de ensinamentos seus. A suas vivências e boa disposição são do que mais guardamos enquanto seus alunos, e seguramente os seus gostos taurinos também foram algumas das lições apreendidas por alguns que tiveram a felicidade de o ter como professor.

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