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Editorial | 1 Ano Depois: Contra a Monotonia, Pela Dignidade

Editorial | 1 Ano Depois: Contra a Monotonia, Pela Dignidade, cá estamos. Com pouco para celebrar, é um facto.

Cumprimos um ano. Não é motivo para festa fácil, palmadinhas nas costas ou discursos redondos. É, sim, momento de balanço — e, sobretudo, de crítica. Da boa crítica: aquela que desmonta, pensa, propõe e recusa acomodar-se ao que existe só porque existe há muito.

A tauromaquia portuguesa atravessa um tempo estranho. A vitalidade que se sente em certas praças, o talento que emerge de algumas escolas e a paixão de muitos aficionados são abafados por uma paisagem mediática amorfa, repetitiva e, em demasiadas ocasiões, cúmplice da mediocridade que diz combater.

A imprensa dita “da especialidade” — com as suas honrosas exceções — tornou-se um reflexo do que a própria Festa não pode ser: previsível, domesticada, formatada ao gosto do elogio gratuito e da conveniência pessoal. Vive-se do que o empresário X, o apoderado Y ou o toureiro Z quer que se publique, da selfie com o toureiro, da frase feita que já ninguém lê. Confunde-se propaganda com jornalismo, bajulação com respeito e quantidade com relevância. Resumidamente, vive-se num aterro sanitário, em que não sujar-se é um milagre. E poucos o conseguem.

Foi neste contexto que nasceu, há precisamente um ano, o tauromaquia.com.pt.

Primeiro, recusámos ser mais do mesmo. Recusámos a parolice travestida de entusiasmo. Recusámos o automatismo do texto acrítico. Em vez de enchermos espaço, preferimos dizer menos — e melhor. Não andamos a escrever por obrigação, escrevemos quando há substância. Em vez de colecionar imagens, escolhemos aquelas que acrescentam, não que enchem.

Por cá continuaremos, sem prazos nem agendas

Trouxemos novas estruturas textuais, novos modos de olhar e escrever a tauromaquia. Um léxico diferente, mais preciso, arrojado, mais atento à arte e menos refém da banalidade. Trouxemos também a exigência do silêncio quando não há nada a dizer — o que, nos dias que correm, é talvez o maior dos actos de resistência editorial.

Valorizámos a força da palavra e da imagem — não a força do autoelogio. Não nos movemos por simpatias de trincheira, nem nos silenciamos perante o erro só porque ele vem de quem “tem nome”. E, precisamente por isso, construímos um espaço onde leitores exigentes voltaram a encontrar conteúdo com critério, sem ruído.

Não somos mais um. Somos outro caminho.

E neste primeiro aniversário, reafirmamos esse compromisso: fazer menos, fazer melhor, fazer diferente.

A tauromaquia precisa de muito mais do que sobreviver. Precisa de pensar-se, reinventar-se e comunicar com verdade, com sobriedade e, acima de tudo, com inteligência.

É por isso que aqui estamos. E é por isso que continuaremos.

Por fim, agradeço aqueles que confiaram estar nesta equipa.

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