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Figueira da Foz: Triunfaram Rui Salvador, David Gomes e Académicos de Coimbra

Figueira da Foz: Triunfaram Rui Salvador, David Gomes e Académicos de Coimbra, este sábado, 27 de Julho.

O Coliseu Figueirense acolheu, este sábado – 27 de Julho, a primeira de três corridas de touros que compõem a sua temporada tauromáquica 2024.

O grande destaque desta corrida prendeu-se com a celebração dos 60 anos do Grupo de Forcados Amadores Académicos de Coimbra, além da homenagem a Rui Salvador, pelos 40 anos de alternativa como cavaleiro tauromáquico, no ano em que se despede das arenas.

O Grupo de Forcados Académicos de Coimbra pegou em solitário os 7 touros da ganadaria de Santos Silva. Fardaram-se actuais e antigos elementos.

O cartel contou com os cavaleiros Rui Salvador, Gonçalo Fernandes, Emiliano Gamero, Marcelo Mendes, João Salgueiro da Costa, Luís Rouxinol Jr e David Gomes.

As cortesias foram demoradas e contaram com a arena repleta de elementos e novidades.

Durante as cortesias foi assinalado um minuto de silêncio do ganadeiro Isidro Ricardo Silva.

No meio de várias homenagens feitas pelo grupo de forcados, foi ainda apresentado o hino do grupo. O hino é giro e se bem promovido poderá tornar-se um hit bem orelhudo, principalmente no refrão.

Após mais de 30 minutos de cortesias, deu-se início às actuações. E aqui, lamento, mas é muito tempo de cortesias.

Rui Salvador brindou a lide aos Académicos de Coimbra. Actuação a roçar a perfeição do veterano que está noite parecia um jovem à procura de afirmação. O cavaleiro esteve extraordinário em todos os momentos da lide. Bem a bregar, poderoso a levar o touro muito próximo da montada, exímio a escolher os terrenos e eloquente e sábio no desenho das sortes. Actuação memorável e para perdurar na memória de todos os que assistiram. Olé, Rui Salvador.

Gonçalo Fernandes foi receber o touro à porta dos curros e com ele deu voltas à arena, levando de imediato a emoção às bancadas. O cavaleiro desenhou uma actuação de qualidade, com bons momentos, ficando a questão sobre o motivo pelo qual as empresas não apostam mais nele. Não sendo uma primeira figura, tem qualidade para actuar em mais corridas do que tem feito. Um cavaleiro a rever mais vezes.

O rejoneador mexicano Emiliano Gamero tem carisma e uma forte ligação com o publico. Isto é indiscutível. Na parte técnica do toureio, a lide teve momentos aceitáveis e outros nem tanto. Aceitável na ferragem comprida, baixou de nível na curta. Porém, por entre desplantes, gritos, cavalo em levada e o público a aplaudir cada momento, a lide lá se completou com a boa vontade de Deus.

No intervalo da corrida, após lide do terceiro touro, foi prestada homenagem a Rui Salvador. Destaque ainda para um momento de fado por Gustavo Pinto Basto.

Marcelo Mendes esteve electrizante, com uma actuação de menos a mais. O primeiro ferro comprido foi pouco ortodoxo e totalmente evitável. Porém, a partir daí cresceu e aproveitou as excelentes condições de lide do seu oponente. O primeiro ferro curto é extraordinário, após belíssima preparação, cambiando o andamento da montada e cravando em terrenos de dentro, numa nesga de espaço. Galvanizou-se e destacou-se pelo arrojo, vibração e uma lide intensa, muito do agrado do público. Uma noite para recordar, do cavaleiro que tem sido pouco visto.

João Salgueiro da Costa teve a pior actuação da noite. Muito longe do seu nível, com vários toques na montada, o primeiro num forte encontrão junto a tábuas e que fez o publico a partir desse momento o apupar várias vezes, visto que se seguiram vários toques nas montadas. A inspiração nunca esteve presente e a actuação só melhorou nos últimos dois ferros curtos. Uma noite má, de um cavaleiro que tem muito mais qualidade do que aquela que hoje exibiu. Porém, este público que o assobiou a ele, foi o mesmo que aplaudiu outras coisas sem graça alguma de outro interveniente.

Luís Rouxinol Jr. fez da raça a base para levar a água ao moinho perante um complicado touro de Santos Silva, o mais pesado da corrida. Aqui e ali com alguma falta de acerto na mão aquando da cravagem, a verdade é que o ginete soube dar a volta e desenhar uma actuação positiva, de boa nota, sem ser de triunfo.

Grande actuação de David Gomes a encerrar as lides equestres nesta interminável noite. Este cavaleiro tem sido um dos erros que me custa entender na tauromaquia actual. É mal promovido, não conseguem potenciar a sua imagem e no entanto tem um bom número de qualidades que são mais do que suficientes para o colocar num patamar superior. Na Figueira da Foz teve uma lide de grande qualidade, iniciada com um ferro em sorte gaiola, rematado com poder, após o touro investir com bastante velocidade e durante algum tempo. David não se ficou por aqui e ofereceu uma actuação de grande qualidade ao nível de entender o touro, saber lida-lo e por fim, desenhar as sortes e reunir a preceito. Terminou com um bom par de bandarilhas. Bravo, David.

Para o fim, deixo o maior destaque desta corrida. Em 7 pegas, o grupo concretizou 6 ao primeiro intento e uma ao segundo. Mas para que fique claro, podiam até ter uma noite de menor fulgor técnico, que eu iria destacar o Grupo de Forcados Amadores Académicos de Coimbra.

Mais do que a vertente técnica, este grupo tem de ser destacado pela forma exímia como se apresenta nas corridas, pelo seu comportamento dentro e fora da praça e por provar que os forcados podem ter classe e serem senhoriais, sem outros adjectivos menos positivos pelos quais alguns se pautam.

Na noite deste sábado, os Académicos, em linguagem futebolística, deram uma goleada de bom gosto, de classe, de elegância. Abençoado país que pode usufruir de um grupo destes, mesmo que não sejam um dos nomes mainstream.

Ao longo do seu percurso tiveram de contornar várias pedras no caminho, porém são indiscutivelmente os responsáveis por eu ter voltado a simpatizar com os valores de um grupo de forcados.

Ontem, foram à cara: Martim Rodrigues (1ª tentativa), António Pinto Basto (1ª), João Gonçalo Gama (1ª), Ricardo Marques (2ª), Francisco Gonçalves (1ª), João Tavares (1ª), Guilherme Carvalho (1ª).

Os touros de Santos Silva saíram com apresentação ajustada a esta praça, sem excesso de quilos, e de bom comportamento no geral, com o ganadeiro a ser chamado duas vezes à praça.

A corrida foi dirigida pelo delegado técnico tauromáquico Paulo Valente, assessorado pelo médico veterinário, José Luís Cruz.

Por fim, destacar que a praça teve 3/4 de lotação preenchidos.

Assim, este sábado na Figueira da Foz: Triunfaram Rui Salvador, David Gomes e Académicos de Coimbra.

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