Rui Salvador: “Agradeço de alma e coração aquilo que recebi hoje no Campo Pequeno”, destacou o cavaleiro.
Lisboa e a sua Praça de Touros do Campo Pequeno receberam, esta quinta-feira, a 3ª corrida da temporada tauromáquica.
Frente a touros da ganadaria de António Silva, actuaram os cavaleiros Rui Salvador (que se despediu da praça onde tomou a alternativa há 40 anos), Rui Fernandes (que regressou a esta praça após 4 anos de ausência), Francisco Palha e Miguel Moura (o triunfador desta praça no ano passado).
Além disso, as pegas ficaram a cargo dos forcados amadores de Évora e Coruche (que estreou o novo cabo João Prates).
Ou seja, uma corrida marcada pela despedida de Rui Salvador do Campo Pequeno, ele que no final da temporada encerrará a sua carreira, no ano em que celebra 40 anos de alternativa.
Assim, no final das suas duas lides, concedeu declarações ao site Tauromaquia.com.pt.
“Hoje é uma noite especial por variadíssimas razões, mas falando especificamente dos dois touros, foram dois touros bons. Eu que raramente tive muita sorte aqui no Campo Pequeno, na minha despedida acabo por ter dois touros bons”, destacou.
“Sinto-me bem, realizado, profundamente orgulhoso daquilo que decidi e dei hoje em Lisboa. São momentos únicos e uma recompensa imensa por toda a dedicação e trabalho que ao longo de uma vida se tem a uma causa. Neste caso, uma actividade que alimento com uma paixão imensa. Aqui dentro se recebe os louros, aqui se recebe o troco do carinho que as pessoas nos têm, isso hoje foi tremendo aqui. Foi um momento único. Hoje dei 3 voltas, podia ter “abusado” se quisesse, porque as pessoas estavam realmente todas de pé, queriam-me acarinhar, foi muito bonito. Eu agradeço de alma e coração aquilo que recebi hoje no Campo Pequeno“, referiu.
Seguidamente, deixou uma importante aos aficionados.
“Continuem a acautelar todas as tradições nacionais, que estão extremamente enraizadas na nossa cultura. E isto dos touros é um fenómeno, não tem subsídios, não tem apoios, a verdade é que continuamos aqui a vir ao Campo Pequeno e isto continua a estar cheio, mesmo que lá fora esteja alguém que não queira”, destacou.
“A diferença são de 20, lá fora, para 6 mil ou 7 mil aqui dentro. Portanto, é realmente impressionante. E é disso que nós temos de cuidar, não entramos na era da globalização. Somos diferentes, somos portugueses, temos de mostrar o que somos ao mundo, não temos de ter vergonha daquilo que somos e mostrar a nossa identidade. A corrida de touros faz parte integral da cultura portuguesa e é disso que temos de ser porta-bandeiras. É de louvar porque estão aqui duas gerações a seguir à minha e percebe-se claramente que está cimentado o futuro da festa brava“, assinalou.
Por fim, apresentamos a crónica e galeria fotográfica da corrida: Campo Pequeno: Rui(s) ao poder
Entrevista e Fotografia: Nuno Almeida
Texto: Rui Lavrador
