Campo Pequeno: Bastinhas trouxe a classe e o glamour, forcados de Santarém a raça e a conquista dos prémios, na noite de ontem.
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Nuno Almeida
Inaugurou a temporada tauromáquica de 2024 na Praça de Touros do Campo Pequeno, esta quinta-feira, com lotação quase esgotada. ¾ de lotação muito bem preenchidos e pouquíssimas cadeiras por ocupar.
Uma noite quente, com dois destacados triunfadores: Marcos Bastinhas e o Grupo de Forcados Amadores de Santarém. Como ponto negativo o curro de touros da ganadaria de Murteira Grave e ainda a primeira actuação de João Moura Jr.
Assim, o cartel foi composto pelos cavaleiros João Moura Jr., Marcos Bastinhas e António Telles [filho], pelos forcados amadores de Santarém e Montemor e touros da ganadaria de Murteira Grave.
O curro de touros da ganadaria Murteira Grave mostrou-se complicado no que ao comportamento concerne, não existindo um exemplar que se possa dizer que tenha sido excepcional. Porém, foi na apresentação que menos brilhou, ficando aquém da importância da praça do Campo Pequeno.
Pelos Amadores de Santarém foram à cara João Faro, ao primeiro intento, com uma execução correcta e com o grupo a fechar rápido e de forma efectiva, Francisco Cabaço à primeira tentativa, numa grande execução individual, aguentando voltas e mais voltas, com o touro a derrotar, até o grupo conseguir fechar-se, e ainda Joaquim Grave em mais uma excelente execução à primeira.
Pelos amadores de Montemor, António Cortes Pena Monteira e Joel Santos efectivaram uma pega de cernelha sem ponta de brilhantismo, demorando uma eternidade, quiçá numa má opção, quando o touro tinha características para uma pega de caras; Francisco Borges com a habitual qualidade ao primeiro intento e ainda José Maria Cortes Pena Monteiro à segunda tentativa.
A classe e o glamour de Bastinhas
João Moura Jr. esteve uns furos aquém da sua qualidade. A primeira lide foi desastrosa, nunca se entendendo com o touro de Murteira Grave, que curiosamente tinha o número 13 e o nome Azahar.
Mal a entendê-lo, alguns toques na montada, chegando a ser derrotado contra tábuas, além de passagens em falso.
Porém, Moura Jr melhorou na segunda lide, com uma actuação mais capacitada, na qual sobressaiu na parte final com as Mourinas, depois de já ter dado um ar da sua graça com alguns ladeios a duas pistas.
O triunfador da noite foi mesmo Marcos Bastinhas, com duas lides de elevadíssima qualidade, destacando-se a primeira.
Foi buscar o touro à porta dos curros, partindo para uma actuação em que mesclou explosividade e classe, mas fazendo tudo nos tempos certos, excepcional no entendimento das distâncias que o touro exigia, a desenhar bem as sortes, cravando como mandam as regras e rematando-as com o vigor conhecido.
Frente ao segundo touro do seu lote, começou por dobrar-se muito bem num palmo de terreno, exibindo uma tranquilidade e temple que vêm acrescentar muito conteúdo ao facto de ser o cavaleiro que mais impacto tem no público. Três bons ferros, destacando-se ainda um excelente par de bandarilhas, antes de apear-se do cavalo e sair sobre forte aclamação do conclave.
Por fim, António Ribeiro Telles filho teve uma primeira lide de mestria, perante um touro muito complicado, que lhe exigiu labor, paciência e nervos de aço. Porém, o cavaleiro fez tudo correctamente, mesmo que tenha faltado maior reconhecimento do público. Três excelentes ferros curtos, um de palmo e ainda um desplante toureiro gracioso.
No último touro da noite, esteve em patamar positivo, mas não rompeu em triunfo, com o público também a mostrar-se mais frio.
Em disputa estavam dois prémios: Prémio Nuno Megre, para melhor, grupo, conquistado pelos amadores de Santarém, e ainda o Prémio João Cortes para melhor pega, atribuído a João Cabaço.
Esta corrida homenageou Nuno Megre e João Cortes, duas glórias dos forcados, tendo-se destacado ainda a estreia do pasodoble João Moura Jr., do qual foi entregue uma partitura ao cavaleiro no início da corrida.
Dirigiu o espectáculo Lara Gregório de Oliveira, assessorada por Jorge Moreira da Silva.