Rui Salvador agradece à Nazaré: “Impressionante estar aqui dentro e sentir aquilo que senti”, referiu o cavaleiro.
Ontem, na 3ª corrida da temporada tauromáquica da Nazaré, lidaram-se touros da ganadaria Passanha, pelos cavaleiros Rui Salvador, Luís Rouxinol e João Moura Jr.
Pegaram os forcados de Montemor e Aposento da Moita.
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Após as duas lides, Rui Salvador concedeu declarações ao site Tauromaquia.com.pt.
“A esta praça tenho sempre muitas coisas para dizer. Faz mesmo parte da minha história, da minha carreira, mesmo até da minha personalidade. Toureei aqui muitas vezes, sinceramente não tenho ideia de quantas vezes foram, mas cheguei a tourear aqui 5 vezes por ano. Foi aqui que toureei o primeiro touro, foi aqui a primeira vez que caí, foi aqui, talvez a mais importante, pela primeira vez que toureei 6 touros, tive aqui triunfos extraordinários. Tive aqui umas 6 ou 7 quedas enormes, parti aqui clavículas, muita parte do meu corpo, mas fui sempre muito acarinhado, passei aqui muita coisa extraordinária, a praça tem mesmo muita coisa relacionada comigo e vou ter sempre, para o resto da minha vida, um carinho imenso“, começou por dizer.
Seguidamente, destacou: “E é impressionante estar aqui dentro e sentir aquilo que senti hoje. Sentir este calor humano é algo indescritível, é algo que não se consegue transmitir. São coisas que nos marcam para sempre e deixa-me tremendamente orgulhoso. É mesmo extraordinário o que senti aqui hoje“.
“Tive a sorte de a ver muitas vezes cheia de gente, mas hoje tem as pessoas que me enchem o coração. Que me tocaram de uma forma muito especial e saio daqui com uma alegria imensa, e com uma felicidade extraordinária“, reforçou.
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“Todas as corridas que tenho este ano são especiais e importantes para mim, foram escolhidas e delineadas para serem feitas em determinada altura da temporada, tive a sorte de ter do lado de lá os empresários que me acarinharam também, e que de alguma maneira ajudaram a encaminhar a temporada“, explicou sobre esta temporada de despedida das arenas.
“A próxima corrida é em Lisboa, é onde eu tenho um marco na minha carreira, onde tirei alternativa, é a catedral do toureio a cavalo, é a corrida de maior importância ou destaque, mas a verdade é que todas elas são importantes. A Nazaré, como viu hoje aqui, acarinhou-me de uma maneira extraordinária, e é isso que pretendo, que o público sinta tudo aquilo que eu fiz e demonstre o carinho que tem por mim. É a última trajectória da minha carreira, uma forma de retribuir tudo aquilo que me deram“, continuou.
Questionado sobre a análise aos dois touros que calharam em sorte e às lides, foi claro.
“O primeiro touro é complicado, daqueles que dizemos que é um falso bom, agarrou-me uma ou duas vezes e não fiz tudo o que queria, mas acabei por desenhar algumas coisas engraçadas. O segundo foi de boa qualidade e permitiu fazer muitas outras coisas. Foram duas faenas completamente distintas e a tentar aproveitar tudo o que os touros tinham“, rematou.
No final desta temporada, em que celebra 40 anos de alternativa, Rui Salvador abandona as arenas.
Entrevista e Fotografia: Carlos Pedroso
Texto: Rui Lavrador