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Segunda-feira, Março 17, 2025
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A Tertúlia dos Casquilhas

Reportagem do Dr. José Paulo Lima, com galeria fotográfica da autoria de Paulo Gil.

Na costa sul da Ilha Terceira, sob a sentinela do Ilhéu das Cabras, a Vila do Porto Judeu, aparece frondosa do mar ao campo, marcada pelos ritmos festivos das suas gentes onde a cultura, a etnografia entre o mar e o campo, sempre foram caraterísticas próprias dessa localidade.

Vila de intensa atividade cultural, a vida das suas Sociedades exacerbou rivalidades, hoje mais diluídas, mas que pautam o pulsar das suas gentes! Devido a antagonismos na realização de danças de Carnaval, surgiram dois “partidos”: o grupo dos “Castelhanos”, executores da dança com o assunto sobre a Batalha da Salga, expressa na Sociedade Filarmónica Brianda Pereira; e os apelidados de  “Ciganos” participantes na dança sobre uma família Cigana, que mais tarde formaram Filarmónica de Santo António, grupo de teatro e sede próprias. A festa de toiros seguiu essas vivências e é hoje um dos pilares que mais aglomera a alegre gente do Porto Judeu.

Mais para lá da Sociedade de Sto. António, denominada de ciganos, há um espaço taurino privado de singular apego ao toiro, onde as memórias de um homem, integrado numa família aficionada, ressaltam à vista pelo bom-gosto e cuidado. Rúben Manuel Silveira de Melo Leal, junta na antiga oficina de marcenaria\carpintaria de seu pai, hoje já desativada, um espólio taurino, onde se rodeia de amigos e exalta a sua aficion. Estas vivências tornam-se disponíveis aos olhos de todos durante a tradicional tourada que Rúben do Manuel Luís organiza desde 2004, às portas de sua casa, e que tem a Tertúlia dos Casquilhas, como centro da festa.

Lugar de paixão ao toiro inaugurada em 2019, é nele bem patente as suas inclinações ganaderas, onde não obstante o anfitrião ser admirador de todas as ganaderias é pela Casa de Bravo de Ezequiel Rodrigues que o seu coração mais pende! Faz gala disso nas inúmeras memórias fotográficas e outras relíquias expostas neste acolhedor espaço. Perceberá o caro leitor o porquê de tão curioso nome do recinto, uma vez que este é o apodo pelo qual orgulhosamente são conhecidos os adeptos da ganaderia de S. Bartolomeu de divisa verde e branca. Nas paredes da Tertúlia, o destaque vai para uma peça de taxidermia do toiro 205 com o ferro de Ezequiel Rodrigues, um bonito toiro de pelagem salgada lidado na Monumental Ilha Terceira, e que teve um bom desempenho na corda, tendo sido puro nas Cinco Ribeiras.

Rúben é um indefetível ER, mas a verdade é que o seu sorriso natural e boa disposição, são a porta aberta para acolher todos, e para todos tem resposta com graça e com amizade.  A aficion provêm-lhe de seu pai Manuel da Rocha Melo, mais conhecido por Manuel Luís, já desaparecido, que nutria grande amizade por Humberto Filipe e por onde pendiam as suas opções ganaderas. Pai e filho confluíam no apoio à ganaderia já extinta de Álvaro Inácio Gomes, e é com o fim deste criador de toiros, que ambos optam por apoio a casas de bravo terceirense distintas. Manuel Luís era um incontestável Cigano, levava no coração a Filarmónica de Sto. António, cujas festas de verão eram sempre com touradas de Álvaro Inácio Gomes. Era pelo ganadero da Ponta do Muro que Manuel Melo e seu Filho tinham as suas preferências e a quem lhes unia uma forte amizade que se estendeu à família de Inácio Gomes.

No Caminho da Vila, este espaço marca o amor pela festa de toiros de Rúben Leal por todos os aspetos, uma homenagem viva ao seu pai Manuel Melo e uma extensão da sua paixão pela ganaderia de Ezequiel Rodrigues… é um lugar de memórias e de muita aficion!

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