A zona do Ramo Grande, rica em tradições e centro nevrálgico da etnografia terceirense, é lugar de gente alicerçada na tradição e vinculada com as suas raízes e com as suas preferências.
A tauromaquia ocupa, desde há muito, lugar de destaque entre as preferências desta gente, que a sente enchendo os seus arraiais e a Monumental Ilha Terceira sempre que é solicitada. Fundada em 1987 a Tertúlia Tauromáquica Praiense é um movimento associativo agregador dessa paixão pela tauromaquia e uma das instituições mais respeitadas do concelho da Praia da Vitória. A Tertúlia organiza diversas atividades, incluindo colóquios, debates e ações de sensibilização, visando a promoção da tauromaquia na região. Em 2017, foi reconhecida como instituição de utilidade pública pelo Governo Regional dos Açores
Um dos momentos mais enriquecedores da atividade desta associação, prende-se com a envolvência social que quer dar à juventude. Fruto da afición dos seus corpos diretivos, no dia da criança várias são as iniciativas com cunho taurino que se levam às escolas da cidade de Nemésio, oferecendo as emoções da tauromaquia a muitos miúdos que a vivem com intensidade e paixão. Liderados por Francisco Godinho, o popular “Magalhães”, a Tertúlia Praiense ganhou novo folgo, respaldada pela Câmara Municipal da Praia da Vitória que se associa a muitas das suas iniciativas.
No passado dia 8 de março no bonito espaço da Academia da Juventude ocorreu mais uma Gala da Tertúlia Tauromáquica Praiense, onde são lembrados e homenageados factos e figuras que engradeceram a festa tanto na sua vertente popular como erudita. Nesta noite falou-se sobre a festa brava e a cultura da alma terceirense, sendo homenageados várias pessoas significativas para aquilo que foi e é a tauromaquia na Ilha Terceira. Além de ganaderias, fotógrafos e aficionados, a figura do pastor também nunca foi esquecida, e é nos homens do camisolão branco que se põe ênfase naquilo que é a dimensão etnográfica das figuras da festa brava.
No ano de 2025 foram distinguidas duas ganaderias que comemoram meio século, a de Eliseu Gomes, já extinta e hoje com outra designação e a de Ezequiel Rodrigues que se constitui como uma das ganaderias com mais força popular da Ilha Terceira e uma das mais solicitadas. Como pastor foi distinguido o exímio mestre de corda José Manuel Rodrigues, também ganadero e continuador da saga de seu pai Ezequiel Rodrigues. No que a capinhas diz respeito, foi reconhecida a trajetória de Francisco Godinho “Magalhães”, que com a sua destreza e inata capacidade imprime cor e beleza a tudo o que se faz nos arraiais à frente dos toiros na Ilha Terceira, desde há muitos anos.
Nisto da festa a imagem tem importância fundamental, e a forma como a mesma é captada faz perdurar por gerações e gerações aquilo que é a sua essência. Neste campo o homenageado foi André Pimentel, fotógrafo com formação gráfica superior e um dos grandes valores nacionais da fotografia taurina. Por último o destaque vai para a figura do aficionado, sendo este ano distinguido Francisco Silveira “Silveirinha”, figura taurina da Cidade de Nemésio, com um vasto espólio taurino, onde as tradições terceirenses e o cunho taurino das nossas vivências estão preservadas. Uma homenagem verdadeiramente importante e justa ao popular Francisco “Silveirinha” que a todos acolhe com um sorriso quando o tema é toiros, ditando cátedra com a sua forma simples e genuína.
Em pleno Dia da Mulher, esta foi uma noite com muito conteúdo taurino para os lados da Praia da Vitória.
Texto: José Paulo Lima
Imagem: Edgar Vieira
